quarta-feira, 18 de julho de 2007

A CANÇÃO DA TERRA


Eu vi no tempo que o homem não conta Eu vi no tempo há muito tempo Há tanto tempo que me perdi Eu vi a terra engolir o rio De águas escuras e já sem vida Levá-lo a seu ventre Purificá-lo e vomitá-lo por entre as rochas Límpido, ligeiro, cheio de vida Distribuindo a vida e saciando A sede de quem o maculou Eu vi a árvore decepada e dizimada Quase arrancada pelas raízes Brotar dentre as cinzas A oferecer sombra e frutos A quem a decepou Eu vi o homem rasgar a terra E de suas entranhas retirar jóias brilhantes Que a terra enternecida oferecia graciosamente A quem nela penetrasse... sem nenhum respeito Eu vi o pássaro beijar a flor E no seu bico perpetuar Volitando alegremente A vida e a espécie Eu vi o homem se perder em perguntas Tendo à sua frente... respostas Eu vi o ser cheio de luz...cego Eu vi a Terra... Explodir em vida, perfeição e beleza E o homem cego... se arrastar por ela Eu vi... E tanta coisa eu vi Que desisti de enxergar Pois perante a luz Que brotava de dentro de mim Me inebriei, e por medo de perdê-la Fui capaz de beber da luz De quem brilhava menos que eu Cada ser tem dentro de si mesmo A centelha divina de luz E a partir do momento que ela se acende Precisamos difundi-la e Abraçar com ela toda a obscuridade Antes que ela se apague... perdida Entre os dedos gananciosos Do homem, que destrói a terra A árvore, o rio, o pássaro E toda a vida que há em volta dele Que cego, se atira em buscas Ofuscado em sua ânsia de poder Cego por sua pouca capacidade De doar e agradecer O que foi lhe oferecido gentilmente E em abundância.

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